quinta-feira, 25 de julho de 2013

Dieta Livre de Glúten e Caseína - Depoimento

Retirado do blog: http://soumaedeautista.blogspot.com.br/2010/09/dieta-livre-de-gluten-e-caseina.html

Depoimento de: "Michella, mãe de Lucas França Rodarte. O Lucas está dentro do espectro autista. Por este motivo criei este blog com o intuito de acompanhar a evolução do meu filho, trocar informações e através de minhas experiências poder ajudar outras mães. Descobri o diagnóstico quando meu filho tinha dois anos e quatro meses. O primeiro momento foi muito difícil, muitas dúvidas, muitas angustias, muitas frustrações... Enfim, como todos que já viveram esta situação, passei pelo estágio dos "por quês". Com o tempo percebi que questionar apenas não ajudaria e resolvi ir à luta. Hoje, "ser" ou "não ser" autista não faz diferença. O que faz a diferença é o amor que sentimos. Aceitar de coração é o primeiro passo para os progressos, tenho certeza que por isso meu filho tem progredido tanto e acredito que nunca haverá limites."

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Iniciei o tratamento do meu filho com a dieta livre de glúten e caseína. No início haviam muitas dúvidas. Como iniciar? Será que realmente funciona? Como ainda não há nada comprovado cientificamente, muitas mães nem tentam... Eu acho que devemos tentar tudo. Comecei a conversar com mães que viram uma melhora enorme quando introduziram a dieta. Comecei e para o meu espanto duas semana depois, meu filho já estava dormindo a noite toda. UAU!!! Acho que funciona, então continuei. Parece que ele acordou e saiu do "transe". Está muito mais esperto e comunicativo. Compensa tentar! Segue abaixo um texto que eu recebi da pediatra do meu filho que me ajudou muito a entender e espero que ajude a vocês também.

O glúten são as proteínas (gliadina e glutenina) existentes em alguns cereais em grão como o trigo, aveia, cevada e centeio.(Ele também está presente no malte)

O que é a caseína?
 
A caseína é a proteína do leite animal (cabra,vaca, etc)
 
As proteínas são longas cadeias de pequenas unidades individuais chamadas aminoácidos. Elas são essenciais para a formação de novas células e para a reparação celular.
 
Quando comemos um alimento contendo proteínas elas serão quebradas no estômago por uma enzima chamada pepsina em unidades menores que são os polipeptídeos, as peptonas e as proteoses e depois na parte superior do intestino delgado por enzimas como tripsina, quimotripsina e outras em pequenos peptídeos e aminoácidos e depois por enzimas chamadas peptidases em aminoácidos individuais que serão então absorvidos pela circulação e irão ser usados na fabricação das nossas próprias proteínas.
 
Como você viu é um caminho trabalhoso. Se por alguma razão esta digestão for incompleta ou houver algum defeito na permeabilidade intestinal alguns peptídeos serão absorvidos pela circulação.
 
Vários estudos descobriram que da digestão da caseína deriva um peptídeo chamado casomorfina e da digestão do glúten um peptídeo chamado gluteomorfina (ou gliadomorfina) que,como os próprios nomes dizem, têm atividade opióide.
 
O que é atividade opióide?
 
Como o próprio nome diz, atividade semelhante ao ópio e seus derivados (morfina e heroína).
 
Você já deve ter ouvido falar que algumas pessoas são viciadas em exercícios intensos por causa da liberação de ENDORFINAS. Pois bem,isto quer dizer que todos nós temos o nosso sistema opióide endógeno (do próprio organismo). A razão para os animais terem um sistema opióide endógeno é muito simples:uma analgesia natural. Ela é necessária como uma questão de sobrevivência quando o animal mesmo ferido precisa continuar lutando para sobreviver ou ter forças para correr.
 
Nas células do nosso sistema nervoso temos os receptores dessas endorfinas (que são peptídeos naturais – fabricados pelo nosso próprio organismo) e é nesses receptores que se ligam as drogas opióides e aonde também se ligarão os peptídeos do glúten e da caseína se por acaso eles conseguirem entrar na circulação.
 
Os estudos sobre o papel do leite e derivados e do glúten nas desordens de comportamento e na esquizofrenia começaram na década de 60 com o Dr F.C. Dohan. Na década de 70 vários estudos clínicos confirmaram seus achados e também em autistas.
 
Na década de 80 os peptideos foram descobertos e descritos no líquido cérebro-espinhal e na urina de pacientes esquizofrenicos e autistas.
 
Na década de 90 esses estudos continuaram e pesquisadores japoneses e ingleses encontraram peptídeos opióides na urina de 70 a 80% das pessoas com autismo. A quantidade desses componentes era tal que seria impossível serem de origem endógena,então só poderiam ser derivados da dieta.
 
Atualmente grandes descobertas tem sido feitas sobre o aumento da permeabilidade intestinal nas crianças autistas o que explica a passagem dos peptídeos para a circulação. Também se verificou que as pessoas autistas têm vários defeitos enzimáticos o que prejudica a degradação completa dessas proteínas.
 
Além de toda essa pesquisa médico-científica existe o relato de centenas de pais sobre a melhora de seus filhos com a dieta. Nos EUA e na Europa existem várias associações de pais para a implementação e suporte da dieta e ela é a primeira intervenção a ser recomendada pelo protocolo de tratamento para o autismo de várias universidades e centros de tratamento e pesquisa.( Como por exemplo a Universidade de Sunderland na Inglaterra).
 
É importante ressaltar que após a retirada desses peptídeos da dieta a criança poderá apresentar uma piora temporária do comportamento, agressões e estereotipias e sintomas digestivos e de pele. Isto significa uma espécie de síndrome de abstinência que é o mesmo que ocorre com os viciados em drogas. Este é um dos fatores de abandono da dieta antes de se esperar pelos efeitos benéficos e também o motivo de algumas pessoas dizerem que tentaram a dieta mas que a criança só melhorou após a suspensão dela.
 
A caseína é eliminada em dias mas o glúten pode demorar alguns meses para ser eliminado e se não houver persistência não vai adiantar. A restrição tem que ser total e os familiares têm que esquecer aquele ditado de que "um pouquinho só não vai fazer mal".

PROTOCOLO SUNDERLAND

O Protocolo Sunderland dos doutores Paul Shattock e Paul Whyteley é um protocolo para tratamento de autismo da Universidade de Sunderland na Inglaterra que implementa a dieta GFCF em todos os seus pacientes.
 
Eles recomendam a retirada da caseína primeiro (por 3 semanas) e depois ACRESCENTAR a retirada do glúten aos poucos, por um período de 3 meses até a retirada completa.
 
Por que?
 
Os efeitos da retirada do leite podem ser rápidos e bem marcados.
 
Eles postulam que os efeitos adversos da retirada dos 2 ao mesmo tempo pode ser minimizado se retirados em separado:
"...This another reason why we prefer to separate the removal of the two elements,gluten and casein,during this protocol..."
(Esta foi outra razão pela qual preferimos separar a remoção dos 2 elementos,gluten e caseína,durante este protocolo) 
Como a eliminação urinária dos peptídeos do glúten é mais lenta e os efeitos benéficos da dieta demoram mais para aparecer eles recomendam a retirada do glúten por 3 meses.
 
PORÉM:

No mesmo texto eles relatam:"...In our trial(Whyteley 1999) there had only been 26% reduction in urinaly levels after a 5 MONTH PERIOD.
If the body is incapable of breaking these peptides...store them probably in fat tissues"
(Em nosso estudo houve redução dos níveis urinários de apenas 26% num período de 5 meses.Se o organismo é incapaz de degradar esses peptídeos, os depositarão, provavelmente, nos tecidos gordurosos).
 
E LOGO ADIANTE:
 
"...We normally expect to see changes in 3-4 weeks so we suggest that people consider removal for a period of 3 months.After this time is appropriate to review the progress.WE ARE AWARE OF A NUMBER OF CASES WHERE DRAMMATIC IMPROVEMENTS HAVE OCCURED 7-9 MONTHS AFTER IMPLEMENT THE DIET AND IN ONE CASE (REICHELT) THESE IMPROVEMENTS BECAME APPARENT AFTER TWO YEARS OF A RIGID DIETARY INTERVENTION. As previously stated, the disappearance of the peptides from gluten appear to be more gradual than with the casomorphins. Therefore,the withdrawal effects tend to be somewhat milder in severity but rather more prolonged particularly in adults.
(Normalmente nós esperamos ver as mudanças em 3-4 semanas, assim sugerimos que as pessoas considerem a remoção por um período de 3 meses.Após este tempo deve-se avaliar os progressos obtidos.NÓS SOMOS CONSCIENTES DE UM NÚMERO DE CASOS ONDE DRAMÁTICAS MELHORAS OCORRERAM APÓS 7-9 MESES DE IMPLEMENTAÇÃO DA DIETA E EM UM CASO (REICHELT) ESSAS MELHORAS SE TORNARAM APARENTES APÓS 2 ANOS DE RÍGIDA INTERVENÇÃO DIETÉTICA. Como declarado anteriormente,o desaparecimento dos peptídeos do glúten parece ser mais gradual do que os peptídeos do leite (casomorfinas). Por isso,os efeitos colaterais da retirada tendem à ser mais brandos em suavidade porém mais prolongados particularmente nos adultos.)
 
THE NORWEGIAN STUDIES HAVE BEEN GOING ON FOR THE LONGEST PERIOD OF
TIME (KVINISBERG1995)AND THEY HAVE ALWAYS PROPOSED REMOVAL OF GLUTEN AS WELL OF CASEIN.Interestingly,they observed a phenomenon we have also noted in subjects who have used this approach where the casein and gluten are removal simultaneously.there is an initial rapid withdrawal period and improvement.THIS TENDS TO BE FOLLOWED BY A PERIOD WHERE NOT MUCH HAPPENS AT ALL AND PARENTS OFTEN BEGIN TO WONDER IF THEIR INITIAL IMPROVEMENT OBSERVATIONS WERE A RESULT OF SELF-DELUSION.AFTER A FURTER PERIOD OF TIME,OTHER IMPROVEMENTS APPEAR,SOMETIMES AFTER A SECOND SET OF WITHDRAWAL SIMPTOMS."
(Vejam que os efeitos colaterais da retirada ou o período de latência podem fazer com que os pais achem que a dieta não funciona)  (OS ESTUDOS NORUEGUESES JÁ TÊM SIDO FEITOS HÁ BASTANTE TEMPO (KVINISBERG 1995) E ELES SEMPRE PROPUSERAM A REMOÇÃO DO GLÚTEN COMO DA CASEÍNA. Curiosamente eles, como nós,também observaram um fenômeno em pessoas que removeram o glúten e a caseína simultaneamente. Há um período inicial rápido de efeitos colaterais e depois melhora. ESTE PERÍODO TENDE A SER SEGUIDO POR UM OUTRO ONDE NÃO ACONTECE MUITA COISA E OS PAIS FREQUENTEMENTE COMEÇAM A SE PERGUNTAR SE AS SUAS OBSERVAÇÕES INICIAIS DE MELHORA NÃO FORAM RESULTADO DE UMA ILUSÃO. DEPOIS DE UM CERTO TEMPO OUTRAS MELHORAS APARECEM, ALGUMAS VEZES DEPOIS DE UM SEGUNDO TEMPO DE EFEITOS DE ABSTINÊNCIA)
 
Em outro documento eles dizem:"We are aware of a number of instances where parents have see significant improvements only after a much longer period of time sometimes SIX MONTHS OR EVEN A YEAR".
(Nós temos consciência de um número de instâncias onde os pais observaram significantes progressos apenas após um período de tempo muito maior,algumas vezes SEIS MESES E ATÉ UM ANO.)
 
 
Dr Karl Reichelt,diretor do Departamento de pesquisa em Pediatria e professor do Hospital Nacional Rikshospitalet em Oslo,na Noruega e que pesquisa autismo com trabalhos publicados desde 1981 diz: "In GENERAL WE RECOMMEND A DIET FREE OF GLUTEN AND CASEIN FOR AUTISTIC PATIENTS.The reason for this is a opioid peptides from gliadin are almost of the same structure as casomorphins from casein.We also recommend addition of multivitamin with trace minerals and magnesium,cod liver oil and calcium.We usually remove casein and gluten both.Opioids from these proteins are very similar....EFFECTS OF DIET IF USEFUL TENDS TO BE CUMULATIVE.MUST BE TRIED FOR 1 YEAR." 
(GERALMENTE NÓS RECOMENDAMOS UMA DIETA LIVRE DE GLÚTEN E DE CASEÍNA PARA PACIENTES AUTISTAS. A razão é que os peptídeos opioides da gliadina têm a mesma estrutura que as casomorfinas da caseína.Nós também recomendamos a adição de multivitaminas,minerais essenciais e magnésio,óleo de fígado de bacalhau e cálcio.Nós costumamos remover ambos, o glúten e a caseína. Os opióides destas proteínas são muito similares...OS EFEITOS DA DIETA TENDEM À SER CUMULATIVOS.DEVE SER TENTADA POR UM ANO.)
 
Dr Robert Cade,professor de medicina e fisiologia da Universidade da Flórida e que também tem vários trabalhos publicados refere: 95% dos pacientes com esquizofrenia e autismo têm significante polipeptidúria (presença dos peptídeos opioides na urina). 
 
O nível dos peptídeos diminuem por diálise ou por uma RÍGIDA ADERÊNCIA À UMA DIETA SEM GLÚTEN E SEM CASEÍNA".
 
Ele fez um acompanhamento da dieta por UM ANO em 70 pacientes e demonstrou uma importante melhora de todos os sintomas de autismo.
 
Dr Andrew Wakefield dir. do Centro de Gastroenterologia da Royal Free University de Londres recomendou em um artigo recente:"...modification of diet and entero-colonic microbial milieu in order to reduces toxins substances...focusing,for exemple,on the pharmacology of local OPIOID ACTIVITY IN THE GUT".
 (...MODIFICAÇÃO DA DIETA E DA FLORA MICROBIANA INTESTINAL COM OBJETIVO DE REDUZIR AS SUBSTÂNCIAS POTENCIALMENTE TÓXICAS...OBJETIVANDO,POR EXEMPLO, A ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DOS OPIÓIDES NO INTESTINO).
 
FATORES QUE DEVEM SER COMPREENDIDOS:
 
Muitos autistas têm condições patológicas subjacentes ao autismo como hipóxia ao nascer, paralisia cerebral,X-frágil,erros inatos do metabolismo como Fenilcetonúria e outros.
 
Não se deve confundir alergia alimentar com intolerância alimentar e ação dos peptídeos opióides da caseina e do glúten.Alergia à leite de vaca e intolerância a leite de vaca são condições distintas em medicina e apesar de muitas crianças autistas poderem apresentar múltiplas alergias isto nada tem a ver com o fator da atividade opioide dos peptídeos. O processo é mais DE NATUREZA TOXICOLÓGICA DO QUE ALÉRGICA.

Um comentário:

  1. Estou lendo em 2022 e achei fantástico como você pode fazer uma postagem tão completa! Muito enriquecedor, obrigada por compartilhar.

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