Redação do Diário da Saúde
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Há muito se discute uma conexão estreita entre o autismo e a população de bactérias no trato gastrointestinal. [Imagem: Jason Drees for the Biodesign Institute] |
Acaba de ser feita a primeira análise bacteriana abrangente focando
bactérias comensais - bactérias benéficas - em crianças com transtorno
do espectro do autismo (TEA).
Há muito se discute uma conexão estreita entre o autismo e a população de bactérias no trato gastrointestinal.
"Uma das razões pelas quais começamos a focar este tema é o fato de
que as crianças autistas têm um monte de problemas gastrointestinais que
podem durar até a vida adulta. Estudos têm mostrado que, quando
conseguimos gerir esses problemas, seu comportamento melhora
dramaticamente," explica a Dra. Rosa Krajmalnik-Brown, da Universidade
do Estado do Arizona (EUA).
Seguindo essa pista, o grupo levantou a hipótese da existência de
traços distintivos na microflora intestinal dos indivíduos autistas, em
comparação com crianças normais.
Até agora, os estudos sobre a microbiota intestinal em indivíduos
autistas vinham-se concentrando principalmente em bactérias patogênicas,
algumas das quais envolvidas em alterações da função cerebral.
Um exemplo envolve bactérias gram-negativas contendo
lipopolissacarídeos nas suas paredes celulares, que podem induzir
inflamações e levar à acumulação de elevados níveis de mercúrio no
cérebro.
Autismo e bactérias
O presente estudo confirmou as suspeitas e ainda descobriu que crianças com autismo
têm significativamente menos tipos de bactérias intestinais benéficas,
provavelmente tornando-as mais vulneráveis a bactérias patogênicas.
O pesquisador Dae-Wook Kang, membro do grupo, descobriu que os
autistas têm contagens significativamente menores de três bactérias
críticas - Prevotella, Coprococcus e Veillonellaceae - em comparação com crianças saudáveis.
Mas, mostrando que os cientistas estão longe de ter todas as
respostas, o estudo mostrou que estas alterações microbianas estão
presentes em todos os indivíduos autistas, mas as alterações não estão
correlacionadas com a gravidade dos sintomas gastrointestinais.
Apesar disso, os novos dados poderão vir a ser usados como uma
ferramenta quantitativa de diagnóstico para identificar o autismo, e
como um guia para o desenvolvimento de tratamentos eficazes para os
problemas gastrointestinais relacionados aos TEAs (transtornos do
espectro do autismo).
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